Quando criança grandes jornalistas passavam pela sua casa. Crescido num ambiente culto, onde a política era o tema das principais discussões, Luiz Antônio Magalhães foi se identificando com o cenário e tomando gosto pela profissão. Se formou em jornalismo na Cásper Líbero e hoje é editor chefe do jornal DCI (Diário do Comércio, Indústria e Serviços) e escreve para o Observatório da Imprensa, além de manter um Blog na internet (http://blogentrelinhas.blogspot.com/) Nessa entrevista dada exclusivamente ao blog Tudo Pela Ordem, ele fala um pouco da internet e da digitalização como forma de ajudar nos avanços da administrativos da legislação brasileira, expõe os dois lados da internet, o bom e o ruim, comenta à cerca das principais leis que estão em debate ou que já foram aprovadas e conta um pouco da sua experiência na blogosfera. Confira abaixo a entrevista com Luiz Antônio Magalhães:TPL: Porque você decidiu entrar no mundo dos Blogs? Luiz: Bom, eu tava trabalhando na internet, me tornei editor de política aqui no DCI e comecei a ver uns blogs pioneiros, o do Noblat, especialmente, e percebi que aquilo alí era um jeito, um canal, muito interessante e além do mais podia fazer do meu jeito. No fundo o blog podia ser um rascunho das coisas que eu fazia pro Observatório e pro DCI. Eu até pensei um pouco se eu fazia um blog anônimo ou se fazia uma coisa pra valer e foi aí que eu decidi fazer o Entrelinhas.
TPO: Quais os benefícios que o blog lhe trouxe?Luiz: Eu comecei a receber um monte de emails, e tal, inclusive de gente que não concorda ou muitas vezes considera o que eu escrevo interessante, ou bem argumentado e acaba mandando correspondência. Então a gente cria um pouco um clube, tem vários blogueiros que me dão link e que por resistência eu desconhecia. Isso cria uma rede, é uma coisa muito interessante a blogosfera, eu acho que é um potencial do futuro enorme.
TPL: Comentando um pouco à respeito das principais leis que estão em debate ou que já foram aprovadas, o que você pensa sobre a Lei Seca?Luiz: Há um tempo atrás eu escrevi um post até meio contrário, aquela coisa de achar que é muito, digamos, querer regular, muito big brother, querer regular a vida das pessoas. Mas analisando as legislações dos outros países eu acho a lei seca positiva. Porque na verdade não tá proibindo de beber, tá proibindo de dirigir. Isso cria uma coisa positiva pra sociedade. Porque eu não deixo o carro em casa e vou a pé pro boteco. E no dia que eu quiser ir pra um boteco mais longe? Porque que não tem uma medida do governo que me dê um serviço público de transporte eficiente? Porque que não tem ônibus a noite? Tem que ter.
TPL: Lei da Anistia.Luiz: Esse é um debate muito sensível. É claro que houve a anistia pra todo mundo e você de certa forma disse naquele momento, ok, vamos esquecer o que aconteceu atrás e vamos tocar e vamos fazer um país justo, já veiu a democracia, ja passou muito tempo. E como é que fica aquele que foi torturado, que foi lesado pelo Estado? Que tipo de ressarcimento ele deve receber? Eu sou muito favorável à política que foi iniciada no governo de Fernando Henrique e que o Lula aprofundou de ressarcir os, fazer o julgamento dos banidos, dos presos políticos, dos que foram torturados, que foram mortos na mão do Estado, inclusive do lado dos militares, tem muitos militares que foram expulsos do exército, da aeronáutica, da marinha e eu sou muito favorável que eles sejam ressarcidos. Agora essa discursão que tá aí de tentar punir os torturados do regime militar, eu tendo a ser contra. Eu acho assim, vamos ressarcir o que foi vítima. Teve exagero dos dois lados, a esquerda também matou muita gente e então, se for pra correr atrás de coronel que participou de tortura você ter que começar a correr atrás de gente que sequestrou. Vai julgar o Gabeira por sequestro agora? Vamos ressarcir, vamos pagar. O Estado tem a obrigação e tem o dinheiro, então ele paga as famílias que foram vítimas, as pessoas que foram torturadas, mas tanto guerrilheiro de esquerda, como torturador da direita. Esses crimes já prescreveram, a gente deve olhar pra frente, deve acabar.
TPL: O que você acha, no geral, das leis do Brasil?Luiz: A gente tem uma Constituição imperfeita que foi feita alí com um monte de falha num determinado contextos. Talvez não já, mas daqui a pouco a gente vai precisar fazer uma revisão mais ampla, talvez uma assembléia geral constituinte pra fazer uma carta do século 21, essa constituição foi muito emendada, então a nossa legislação ela tende a cair, tem muita coisa que se perde. Outro dia eu tava conversando com um deputado federal daqui de São Paulo e ele tá fazendo a revisão da legislação trabalhista, não é que ele tá mudando lei nenhuma, ele tá fazendo o seguinte: Pegando todos os artigos que não se aplicam mais, por exemplo, tem um artigo lá que dizia que todo comércia divia ter duas cadeiras pra cada empregado. Imagina você entrar numa dessas lojas de departamento que tem que ter duas cadeiras pra cada empregado descançar ao longo das horas. Isso aí é quase como passar um aspirador. Ele não pode mudar uma vírgula em nada, ele só vai determinar aquilo que vai cair, e aí faz uma votação, derruba tudo aquilo e passa um xis.
TPL: Como anda os avanços no cenário legislativo, em termos de digitalização e compreensão da opinião pública?Luiz: Antes era um trabalho enorme fazer esse tipo de coisa, hoje em dia, que o judiciário, começou tarde, ele tá entrando na informatização. É possível que a gente tenha agilidade pra fazer um novo arcabouço de leis que te consta na realidade. Porque na verdade, o que é a legislação? O reflexo das relações sociais, o que pode e o que não pode. São coisas que não podiam e hoje podem. Coisas que podiam e hoje podem.
Isso é uma discursão permanente na sociedade, como o adutério, o aborto, a discriminalização das drogas, tudo isso vem sofrendo um replanejamento na legislação. Quando é que muda? Quando a sociedade cria um concenso de que isso já é aceito em diversos lugares. Então você tem avanço em alguns temas e retrocessos em outros.
TPL: O que a internet tem de bom e de ruim?Luiz: Eu acho que a internet é tudo de bom. Eu não vivo sem internet e acho que ninguém mais vai viver sem intenet. Ela une a instataneidade do rádio, ela trás a possibilidade de você se aprofundar, se você quiser pesquisar você vai achar. Ela te permite chegagem de dados, comprar, enfim ela te permite uma vida na rede virtual. Você consegue fazer e se comunicar com as pessoas. Tem gente que achava que a internet, o computador, a internet a televisão fazia as pessoas escreverem menos. Só escreve errado quem sabe escrever direito, se não não é errado. É obvio. Ela permite maior interatividade. Ela está destruindo, entrando no mercado da televisão, da revista, do rádio, ela tá tirando anúncio, tirando publicidade, sem ainda montar um modelo de rentabilidade, poucos são os meios na internet que pagam.